segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um Chocolate Quente... Muito Quente!




Aquela era a hora a que se levantava o vento. O sol escaldante até aí, escondia-se atrás das nuvens que se acumulavam, enormes e cor de chumbo. O dia arrefecia e escurecia antes de tempo e, ao longe, ouvia-se o ribombar dos trovões.

Era a estação das águas e, cada dia, à canícula sucedia-se o dilúvio.

Era a hora em que sabia bem ficar em casa no aconchego. Sucumbir ao conforto de uma bebida quente e à leitura de um livro. Mergulhar nas histórias de outras gentes, outros tempos e outros lugares.

Há quase um ano que se mudara para aquele lugar, do outro lado do mundo, para uma terra cor de esmeralda. Sentia a saudade do que deixara e o fascínio das coisas novas que encontrara.

Esta era a terra do chocolate, do café e dos chiles, do doce, do amargo e do picante, tal como era do sol, da chuva e do trovão...

Agora era a hora de ficar a ver as bátegas e os raios cair lá fora, enquanto saboreava o chocolate quente.




Ingredientes:
2 chávenas de leite
1/2 vagem de baunilha
1/2 pau de canela
1 malagueta (chile)
100 g de chocolate negro (mínimo 70% de cacau)

Natas batidas
Açúcar amarelo ou demerara
Raspas de chocolate, cacau em pó ou canela, para decorar
Rum, Cognac ou Amaretto, para aromatizar

Colocar o leite, a vagem de baunilha (aberta ao meio e com as sementes raspadas), a canela e a malagueta (cortar ao meio e deitar fora as sementes para não ficar demasiado picante), em lume brando e deixar aquecer até fervilhar, permanecendo assim por cerca de um minuto. Juntar o chocolate em pedaços e mexer até que derreta. Retirar do lume e reservar durante cerca de 10 minutos para que os diversos aromas se libertem e fundam. Retirar a vagem de baunilha, a canela e o resto da malagueta. Voltar a levar ao lume e deixar levantar fervura. Servir em chávenas ou canecas. No meu caso não acrescentei açúcar, mas se acharem demasiado amargo podem acrescentar açúcar a gosto.

Consoante os gostos, pode aromatizar com uma colher de chá (ou mais!) de uma bebida alcoólica. Para manter o espírito latino-americano, optei por um rum envelhecido (mais parece cognac!).  Pode ser tomado simples ou com natas batidas, decoradas com raspas de chocolate, com cacau em pó ou com canela.



Esta receita segue, de forma aproximada, a sugerida por Joanne Harris no seu livro The French Kitchen e que pode ser encontrada aqui. Quem leu os romances Chocolate e Sapatos de Rebuçado, e se encantou  com as receitas de Vianne, certamente se lembra do seu chocolate quente. Também ela era a mulher levada pelo vento para terras diferentes e distantes...

O post de hoje, com a sua receita e a pequena história (não totalmente fictícia!) no início, reflecte a participação do Cravo e Canela no evento Chocolate e Picante: um desafio de receitas com histórias dentro, que nos foi lançado pela Suzana do blog Gourmets Amadores. Este desafio surge na sequência do recente lançamento do livro Picante, pela editora Casa das Letras, que se vem juntar ao já publicado Chocolate, na apresentação de histórias, de diversos autores nacionais, onde os sabores, tal como as emoções, fazem parte da história. Há combinação melhor?




Espero que gostem, da história, da receita e dos livros!

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6 comentários:

  1. Manuela,

    Entre a realidade e a ficção vai um pequeno salto preenchido de memórias. tenho para comigo que quando as trovoadas da vida não tem solução, só um chocolate quente ajuda a ultrapassar ventos contrários. ;) Gostei muito desta receita aromática e "poderosa". Muito obrigada pela participação no desafio Chocolate & Picante.

    Um beijo*

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  2. Obrigada Suzana!
    É um privilégio participar nestas iniciativas e deu-me a oportunidade de experimentar uma receita que já há muito estava na minha lista.
    Bjnhos

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  3. Manuela
    Estamos em sintonia! Gosto tanto desta combinação que fiz a mesma receita para participar, ainda no Brasil.
    Falta-me a história...
    Um beijo

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  4. Olá Helena!
    Fico a aguardar o seu chocolate quente e a história. Quando se fala de chocolate e picante, isto é logo o que nos vem à cabeça. Afinal é a bebida dos deuses!
    Bjnhos

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  5. Manuela,
    Gostei muito da história e do chocolate, tal como gosto dos livros da Joanne Harris :)

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  6. Olá Moira,
    Quem gosta de ler e de comida não pode deixar de gostar dos livros dela. Comecei já há muitos anos pelo Chocolate e, depois disso, li quase todos os outros. Não li os dois mais recentes (Rapaz de olhos azuis e Maligna), a Moira já leu? O que achou?
    Bjnhos

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