sábado, 31 de dezembro de 2011

2011 está a chegar ao fim - um Balanço e um Best Off

O final do ano é sempre um momento de reflexão, de olhar retrospectivamente e ver o que foi feito, de comparar com os objectivos, planos ou determinações assumidos no início do ano e de fazer o balanço.

Gosto de "Anos Novos", tal como sempre gostei de cadernos novos, caixas de lápis de cor a estrear... daquele momento em que ainda podemos imaginar tudo o que podemos fazer com tantas folhas e tantas cores...

E, 2011, foi definitivamente para mim um ano "muito novo" e de muita mudança! E com a mudança vem a necessidade de adaptação, as alegrias e as dores de nos ajustarmos a novas realidades, mas também o esforço de moldar esses novos cenários aquilo que somos, pela história que trazemos.

Um novo país, uma nova cultura, um diferente estilo de vida... Tudo encarei com determinação, valorizando o que ganhei, lidando com o que perdi. Não digo que não tive os meus momentos baixos, mas o balanço desta mudança é positivo!




Esta mudança deu-me também a oportunidade de avançar com um projecto que já andava na minha ideia há algum tempo, mas que a falta de tempo não me tinha permitido concretizar. Foi já aqui, no Brasil, que nasceu o Cravo e Canela. E, pelo que tenho aprendido, por todos vós que acompanham o blog e me deixam os vossos comentários e palavras de estímulo, esta foi uma das minhas realizações de 2011.

Por isso, porque este Cravo e Canela não é feito só por mim, mas por todos os que desse lado contribuem para que esta Cozinha continue a funcionar, a fechar este ano deixo-vos as doze receitas que mais vos agradaram, em jeito de Best of 2011!

E os eleitos são....














Aproveitemos os últimos minutos de 2011, de preferência com coisas boas sobre a mesa e em boa companhia, porque amanhã começa um novo ano com muito espaço para criar, amar, saborear e partilhar!

Feliz 2012




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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Bolo de Maçãs e Nozes

Gosto muito de bolo de nozes, principalmente quando, ao fim de alguns dias, o sabor da noz já se intensificou e se espalhou por todo o bolo. Já tinha feito um Bolo de Noz e Cenoura  que se revelou tão delicioso que resolvi replicar a fórmula mas, desta feita, com maçã. O resultado foi igualmente positivo!




Para além de trocar a cenoura pela maçã, utilizei raspa de laranja em vez de limão e um pouco de gengibre ralado para dar aquele travo picante.











Ingredientes:
3 ovos grandes
175 g de açúcar demerara (ou amarelo ou mascavado)
100 ml de óleo vegetal
50 ml de leite
raspa de uma  laranja 
1 colher de chá de canela
1 colher de chá de gengibre fresco ralado
150 g de mação ralada (1 maçã)
75 g de nozes partidas em pedaços pequenos
175 g de farinha com fermento

Bater os ovos com o açúcar, até obter uma mistura bem homogénea. Juntar o óleo e continuar a bater e, em seguida, o leite, batendo novamente. Adicionar a raspa da laranja, o gengibre e a canela. Juntar a maçã e as nozes. Envolver a farinha, de modo a que a massa fiquem bem homogénea, mas sem bater. Levar a cozer numa forma untada e polvilhada de farinha.





A combinação do gengibre, com a canela e a raspa da laranja, dá-lhe um aroma que combina com a época em que nos encontramos e o seu sabor vai amadurecendo com o tempo. Receio, contudo, que não chegue ao próximo ano, não sendo assim possível determinar quando poderia melhorar!!!




Espero que gostem!
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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ravioli de Salmão e Tomate Seco

Na minha tentativa de aprender a fazer massas frescas recheadas de que já vos falei quando fiz os Tortellini de Ricotta e Espinafres, experimentei, desta vez, a fazer uns Ravioli com recheio de salmão e tomate seco, utilizando uma nova receita de massa que fui buscar ao livro Na Cozinha com Jamie Oliver




Neste livro, Jamie apresenta duas receitas de massa fresca, e a que eu fiz é, na verdade, uma mistura das duas.

Ingredientes:
6 ovos médios (a receita indica 5 ovos grandes)
150 g de farinha
350 g de sêmolina (se não tiver, utilizar só farinha comum)

Um lombo de salmão
100 g de tomate seco em azeite
1 cebola pequena
1 alho francês (poró)
1 ramo de manjericão
Raspa de 1 limão
50 g de mozzarella ralado
Azeite, sal e pimenta qb


Misturar a sêmolina com a farinha, fazer uma cavidade no centro e juntar os ovos. Amassar bem durante alguns minutos, até obter uma massa sedosa e elástica. No meu caso tive de juntar um pouco de água. Quando a massa estiver pronta, enrolar em papel celofane e deixar repousar no frigorífico (geladeira) durante uma hora.

Cozer o salmão a vapor, apenas temperado de sal. Fazer um refogado com a cebola e o alho  francês (alho poró)  picados muito finamente, até a cebola ficar translúcida. Juntar o salmão em lascas e o tomate seco cortado em pedaços pequenos. Temperar de pimenta, moída na altura, e de raspa de limão. Juntar, por fim o manjericão picado grosseiramente.

Estender a massa o mais fina possível (1mm), cortar rectângulos com cerca de 7 cm de largo e colocar pequenas porções de recheio com cerca 5 cm de distância entre si. Guarnecer cada porção com um pouco de mozzarella ralado, pincelar com água aquele que vai ser o contorno de cada ravioli e cobrir com outro rectângulo de massa, unindo bem e fazendo com que não fiquem bolsas de ar. Cortar os ravioli em quadrados de mais ou menos 7x7 cm. Levar uma panela de água temperada de sal ao lume e, quando esta estiver a ferver colocar lá dentro parte dos ravioli. Deixar cozinhar durante cerca de 4 minutos.




Servir acompanhados de molho de tomate caseiro, bem quente, e de queijo ralado. Esta receita de massa pareceu-me melhor que a anterior, mas vou continuar a trabalhar nestas massas, sendo a minha grande ambição arranjar um estendedor de massa que permita fazer uma massa fresca ainda mais fina.


Adoro massas!

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Uma Receita de Nógado e um História de Infância

Para aqueles que não conhecem, o Nógado é um doce Alentejano, em que o mel é o ingrediente principal e em que os frutos secos do nougat são substituídos por pequenos "biscoitos", tudo servido sobre uma folha de laranjeira!




E as minhas mais longínquas lembranças desta iguaria, têm muito a ver com o cheiro verde e cítrico da folha, a textura crocante do biscoito e o doce do mel caramelizado a pegar-se na boca...

Mas existe uma memória que é mais uma história, pois dela só me lembro do que me é contado, que me vem sempre à cabeça cada vez que vejo um destes doces. Pelo caricato e pela ternura e saudade que me inspiram as pessoas nela envolvidas!

Teria eu três ou quatro anos quando aconteceu. Estávamos de visita a casa de uma tia de quem me lembro de fazer muitas vezes (e bem!) nógado. Eu brincava com a minha prima, da mesma idade, a minha tia tinha acabado de fazer duas travessas cheias de nógado que deixou na sala de jantar a arrefecer. Embrenhadas na conversa, a determinada altura, a minha mãe e a minha tia dão por falta de nós. Sabem aquele momento em que os adultos se dão conta que as crianças estão há muito tempo sem fazer barulho? Procuraram-nos pela casa e foram encontrar-nos no último lugar onde podiam supor que poderíamos estar. Sentadas no chão da sala de jantar, travessas vazias, rodeadas de folhas de laranjeira e besuntadas de mel até às orelhas...




Contrariamente a todos os receios, não ficámos doentes nem enjoámos os nógados. O post de hoje é dedicado à minha tia, que lembro sempre com enorme saudade, e à minha prima Augusta com a qual esta foi apenas a primeira de várias aventuras gastronómicas.

Ingredientes:
3 ovos
3 colheres de azeite
Farinha qb
250 g de mel
folhas de laranjeira qb

Misturar os ovos com o azeite e ir acrescentando farinha e amassando até tender. Formar rolinhos de massa que se cortam com cerca de 1 cm de comprimento e se levam a cozer no forno sobre um tabuleiro forrado com papel vegetal. Deixar cozer ligeiramente, sem que fiquem dourados. Levar o mel ao lume a ferver num tacho e "fritar" os biscoitinhos no mel até ficarem dourados, do mel caramelizado. Retirar os nógados e colocar pequenas porções em cada folha de laranjeira. Deixar arrefecer em local protegido das crianças e está pronto a comer.




A combinação do sabor do mel caramelizado com o aroma da folha de laranjeira, evoca o Natal e é uma combinação deliciosa.

Espero que gostem!
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Trigo já fez Oito Meses

O Trigo está já muito crescido e é um membro da família de pleno direito!

Apesar de tudo, ainda se tem de lhe mostrar quem manda e a coleira e a trela são, muitas vezes, a melhor forma de o lembrar! É um adolescente...




Mas quando vai à rua passear, porta-se lindamente e ganha festas e elogios de todos quantos passam por nós.

Está quase (quase...) a ser um daqueles cachorros que passeiam direitinhos ao lado do dono sem olhar para nada. Mas eu não o posso censurar de ser curioso e de querer ir meter o nariz em todas as moitas e portões!
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Risotto de Espargos Verdes

Uma das receitas que tenho vindo a trabalhar este ano tem sido a de risotto e acho que já lhe vou apanhando o jeito!

Reconhecer aquele momento em que, apesar de o arroz ainda não estar completamente cozido, já não devo acrescentar mais caldo, ou o ponto em que temos a quantidade de líquido necessária e suficiente para juntar a manteiga e o parmesão...




Hoje trago um dos meus favoritos, o Risotto de Espargos Verdes. É muito simples de confeccionar, e não requere que se tenha um caldo de frango ou legumes feito para o preparar, uma vez que utilizamos a própria água da cozedura dos espargos.




Ingredientes:
1 molho de espargos verdes
2 chávenas (xícaras) de arroz arbóreo
1 cebola pequena 
2 dentes de alho
2 colheres de manteiga
100 g de parmesão ralado (de preferência, no momento)
Azeite, sal e pimenta qb.

Cortar a parte final das hastes dos espargos, lavar e levar a cozer em água a ferver temperada de sal. Os espargos devem ficar apenas 2 ou 3 minutos na água, de forma a que não fiquem demasiado cozidos e moles. Retirar, escorrendo bem e reservar. Cortar as extremidades superiores e colocar de parte. Cortar os pés em três pedaços cada. Num tacho, colocar o azeite e a cebola picada muito finamente, assim como os dentes de alho, pelados e esmagados. Refogar em lume brando, até a cebola ficar translúcida. Acrescentar o arroz e deixar fritar um pouco, com o cuidado de não queimar. Começar a acrescentar a água de cozer os espargos, uma concha (de sopa) de cada vez, deixando quase secar entre o caldo adicionado. Na penúltima vez que acrescente caldo, juntar os pés de espargo cortados e, na última, juntar os bicos dos espargos e temperar com um pouco de pimenta moída na altura. Deixar reduzir o caldo até ter um pouco de líquido cremoso e, nessa altura, juntar a manteiga e, em seguida, o parmesão ralado, envolvendo cuidadosamente. Servir imediatamente.



Cremoso e com um sabor delicado, é indicado para acompanhar uma carne grelhada ou assada.

Bom apetite!
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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Bolachas de Gengibre, Canela e Laranja

O dia de Natal aproxima-se a passos largos, mas os 30º e sol forte lá foram teimam em convencer-me que ainda está bem longe!

Ou talvez seja eu que, por ter tantos daqueles que mais gosto tão longe, insisto em negar que esta época, que é de aconchego junto da família e dos amigos, esteja a um dia de distância. 

Mas tenho trabalhado arduamente para deixar o espírito natalício chegar! Ouço músicas de Natal, faço bolachas e até um bolo rainha, enfeites para decorar a árvore... 





As últimas bolachinhas encheram a cozinha com os aromas da época: o gengibre, a canela e a casca de laranja! A forma de pinheirinhos para que não haja dúvidas. São mesmo bolachas de Natal!

A receita vem do 1001 Cupcakes, Cookies & other tempting treats, que segui com excepção da quantidade de farinha.

Ingredientes:
200 g de farinha com fermento
1 colher de chá de canela
1 colher de chá de gengibre moído
90 g de manteiga
85 g de açúcar demerara (amarelo)
Raspa da casca de uma laranja
1 ovo batido

Misturar a farinha com o fermento (de acordo com as dosagens referidas pelo fabricante), a canela e o gengibre (fiz com gengibre em pó, mas se tiver fresco, o sabor ainda é melhor). Juntar os cubos de manteiga e esfarelar até ficar com a consistência de migalhas de pão. Acrescentar, então, o açúcar, a raspa de laranja e o ovo ligeiramente batido. Amassar bem. Deixar cerca de uma hora no frigorífico coberto com película. Estender a massa, com cerca de 3mm e cortar com a forma pretendida. Colocar num tabuleiro, sobre papel vegetal. Levar a cozer em forno a 180º, na prateleira intermédia, até ficarem douradas. Deixar arrefecer por 2 a 3 minutos no tabuleiro e, depois, transferir para uma grade até arrefecerem completamente. Podem ser decoradas com icing sugar (como na receita original) ou ser servidas simples.




O picante do gengibre e a frescura da canela e da laranja, deixam estas bolachas bem condimentadas e com um aroma bem festivo.




Bom apetite!
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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Bolo de Noz e Cenoura

Adoro bolo de noz e já há algum tempo que o pensava fazer. Procurei inspiração aqui e ali, li várias receitas e acabei por me basear numa receita do livro 200 Receitas de Bolos e Bolachas que, com algumas alterações, utilizei para fazer este Bolo de Noz e Cenoura.

A receita original deve ser igualmente boa, até porque se trata de um bolo recheado e coberto! Mas para bolo semanal prefiro sempre os bolos sem coberturas, mais simples e mais duradouro (na verdade, este não durou muito!). Neste também reduzi a quantidade de gordura, substituindo por leite, tendo ficado muito bom.




Ingredientes:
4 ovos
175 g de açúcar demerara (ou amarelo ou mascavado)
100 ml de óleo vegetal
50 ml de leite
raspa de uma lima, limão ou laranja (eu usei lima)
1 colher de chá de canela
150 g de cenoura raladas
75 g de nozes partidas em pedaços pequenos
175 g de farinha com fermento

Bater os ovos com o açúcar, até obter uma mistura bem homogénea. Juntar o óleo e continuar a bater e, em seguida, o leite, batendo novamente. Adicionar a raspa do citrino e a canela. Usei lima (limão verde). Juntar a cenoura e as nozes. Envolver a farinha, de modo a que a massa fiquem bem homogénea, mas sem bater. Levar a cozer numa forma untada e polvilhada de farinha.




Fica um bolo muito fofo, e com um delicioso sabor a nozes e cenoura, o que é uma combinação muito agradável. Como todos os bolos com frutos secos, fica ainda melhor nos dias seguintes. É pena
é não durar muito!



Espero que gostem!


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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Gnocchi de Abóbora Assada para uma Segunda Sem Carne

Alimentar é proteger e confortar! É também trazer novos sabores e combinações. Abrir a mente dos que nos rodeiam a novas experiências. É por isso que gosto de ir testando novos sabores, texturas e aromas.

Na senda das massas recheadas, temos aqui uns gnocchi recheados com abóbora assada.




A abóbora assada ganha doçura e sabor, e a sua cor, textura e aroma, dão um ar outonal a este prato. Os gnocchi são bem grandes, e o acompanhamento de molho de tomate dá aquele toque saboroso que tanto nos agrada aqui em casa.





Ingredientes:
Para a Massa
4 batatas de tamanho médio
1 ovo
1 1/2 chávena (chícara) de farinha
3 colheres de sopa de margarina
Sal qb

Para o Recheio
200  g de abóbora cortada em cubos  
150 g de mozzarella de búfala curado, picado em cubinhos pequenos
Sal, pimenta, sementes de coentros e azeite qb

Para o Molho e decoração
200 ml de Molho de Tomate Caseiro
100 g de queijo parmesão ralada na altura


Descarcar e cozer as batatas em água temperada de sal. Depois de cozidas, reduzir a puré com um espremedor de batatas, ou com um passe-vite. Juntar a margarina e o ovo batido e amassar bem. Ir juntando, gradualmente, a farinha (pode não ser necessária toda, ou precisar de mais um pouco) até a massa descolar das mãos, devendo ser bem maleável, mas não excessivamente seca. Separe porções que permitam fazer uma bola com cerca de 4 cm de diâmetro. 

Leva-se a abóbora a assar no forno, com o azeite, um pouco de sal a pimenta e as semente de coentros. Reduz-se a puré (usei o espremedor de batatas, pois permite dispensar o excesso de líquido e as fibras mais duras). Misturam-se os dois ingredientes do recheio e abre-se cada porção de  massa  para colocar a mistura de abóbora e mozzarella, voltando a fechar bem depois, de modo a que o recheio fique bem selado no interior da massa.

Depois de recheados, coloca-se água a ferver, temperada de sal e quando esta estiver bem quente juntam-se os gnocchi. Quando cozidos, estes vêm à superfície. Devem ser retirados e colocados num prato de servir. Vão-se cozendo os gnocchi em porções (não devem ser deitados todos na panela ao mesmo tempo).

O molho de tomate caseiro, é feito com um refogado de azeite, cebola, alho e tomate maduro, temperado com ervas variadas





Geralmente, antes de trazer para a mesa, levo o prato de servir ao forno, com os gnocchi já cobertos de molho e de queijo ralado para gratinar um pouco. Junto o parmesão, imediatamente antes de servir.



Espero que gostem!
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sábado, 17 de dezembro de 2011

Os Biscoitos da Avó Dade

Já aqui falei várias vezes da minha avó Felicidade e dos seus dotes, culinários e não só. Nascida no Séc. XIX, viu, no decurso de uma vida, o mundo transformar-se de forma radical, mostrando, naquilo que me lembro, a capacidade de integrar o novo no que era tradicional.

Acreditava firmemente que devemos saber um pouco de tudo e praticava estas ideias de forma disciplinada. Contavam-me as minhas tias que, em criança, tinham aprendido a plantar o linho, extrair as fibras, fiar e tecer. Sabiam fiar e tecer lã, tricotar, bordar e cozer, fazer rendas, cozinhar...




Na verdade estes ensinamentos estenderam-se a algumas das netas e eu recordo-me dos estágios que tinha em sua casa, onde aprendi a descascar batatas, tirando uma pele tão fina como um papel vegetal (não me perguntem ao fim de quantos quilos!), a cerzir meias com a ajuda de um ovo de madeira (agora é com alívio que dou um nó nas meias rotas e as deito no lixo. Desculpa avózinha!), a bater claras em castelo com umas varas, ou a fazer renda a bilros e máscaras hidratantes para o meu cabelo rebelde!

Mas, por estas e outras, ou apesar disto, herdei da minha avó não só o génio e a palavra umas vezes terna outras vezes contundente, mas também o gosto (embora não todo o talento!) para estas artes.




Mas muitas vezes, o facto de se fazer com o gosto e amor com que ela o fazia é a melhor receita. E os seus biscoitos, que deixava na lata para nós, ainda miúdos, podermos ir tirar às escondidas, faziam parte dos seus gestos de amor. Quando provei estes biscoitos, longe de casa, do meu país e da maior parte da minha família, o seu sabor levou-me de volta a esses dias de infância em que, com os primos, fazíamos dos nossos ataques à despensa uma verdadeira aventura. Relembro agora o seu sorriso matreiro, quando nos via sair cheios de migalhas a disfarçar...

Agora, muitos anos depois, faço-os com o meu filho e é como se a avó Dade estivesse aqui! Sei que ela ficaria orgulhosa e estas memórias e essa certeza são o mais doce dos ingredientes:

Ingredientes:
500g de farinha com fermento
3 ovos
200 g de açúcar
125 g de manteiga

Misturar a farinha com o fermento e o açúcar. Juntar a manteiga à temperatura ambiente e misturar, esfarelando com os dedos. Acrescentar os ovos e misturar bem. Amassar para ligar os ingredientes. Formar uma bola e deixar descansar no frigorífico durante uma a duas horas, numa taça tapada com papel aderente. Tender rolinhos de massa e formar os biscoitos. Levar a cozer em forno quente, no tabuleiro central.




São óptimos para comer com leite ou chá, saboreando as memórias da nossa infância.

Espero que gostem!
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Vagens Guisadas para um Menu Verde

Para comemorar o segundo aniversário do seu blog Receitas do Menu Verde, a Pammy que é uma Portuguesa a viver na Islândia, desafiou-nos a apresentar uma receita vegetariana, feita com ingredientes locais.

Como o que está a sair agora mais na nossa horta é o feijão verde, trago umas vagens guisadas em que 90% dos ingredientes são orgânicos e produzidos aqui, no nosso quintal. Foram bastante mais fáceis de apanhar do que as beterrabas da Pammy, que estavam geladas e subterradas de neve!




Trata-se de uma receita muito simples e de um prato bastante frugal mas agradável, que tanto pode servir de acompanhamento como de prato principal.




Ingredientes:
500 g de vagens
2 cebolas médias
2 dentes de alho
Ramo de ervas de cheiro (alecrim, manjericão, cebolinho,...)
1 colher de sopa de vinagre balsâmico
Água qb
Azeite, sal e pimenta qb.

Lavar as vagens e tirar as linhas laterais. Se forem largas, cortar longitudinalmente. Cortar em duas ou três partes transversalmente, consoante o comprimento. Cortar a cebola em rodelas finas e o alho em lascas e juntar num tacho com o azeite. Acrescentar as vagens, as ervas aromáticas cortadas grosseiramente, o vinagre, o sal e a pimenta e levar a lume brando, tapando o tacho. Deixar criar um pouco de caldo e, ao fim de algum tempo, juntar um pouco de água sem tapar completamente as vagens. Ir estufando devagar, acrescentando líquido a pouco e pouco, até que as vagens fiquem macias e o molho apurado.




Como boa Alentejana, comi as vagens com sopas de pão, embebidas no caldo, saboroso de tantas ervas de cheiro. Foi o meu jantar de hoje, a seguir a uma sopa de legumes, e fiquei perfeitamente satisfeita. Para os que não resistem a comer carne, pode ser um excelente acompanhamento.




Os meus parabéns à Pammy e ao Receitas do Menu Verde!
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Sumo de Morango e Maracujá

Por aqui fazemos sumos de fruta naturais todos os dias. Geralmente fazemos sumos de um único fruto, mas há certas combinações que são deliciosas: o tradicional sumo de manga com laranja, ou a laranja com banana, por exemplo.

Um dos sumos favoritos é o de maracujá. Refrescante e com fama de ser calmante, o seu sabor combina de forma deliciosa com o do morango. O sabor é fantástico e a cor uma beleza.




Ingredientes:
2 maracujás azedos (4 a 6 maracujás doces)
100 g de morangos maduros
Açúcar qb.
Água e gelo qb.

retirar a polpa dos maracujás e colocar no copo liquidificador, juntar os morangos bem lavados e arranjados, acrescentar cerca de 2 dl de água. Triturar e coar por um passador para separar as sementes.
Acrescentar água e açúcar a gosto. Servir bem fresco e/ou com cubos de gelo.


Espero que gostem!
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Bolachas de Amêndoa, Limão, Cravo e Canela

Para mim, os últimos meses do ano são os meses de fazer bolachas, de ficar nos fins de semana de chuva, no abrigo do lar. Isto estava muito associado ao Outono e à chegada do frio. Agora que estou no hemisfério sul, o meu calendário biológico está todo atrapalhado e, apesar de ser quase Verão, continua a apetecer-me fazer bolachas e biscoitos. Por outro lado, não há nada que me convença que o Natal está quase a chegar...




A semana passada fiz estas bolachas de amêndoa, aromatizadas de limão, cravo e canela que já são presença frequente na nossa casa há muitos anos. Tenho boas lembranças de tardes a fazer bolachas destas com o meu filho ainda criança, de avental e cortadores de bolachas variados (um kit de cortadores para plasticina!) com que fazíamos peixinhos, elefantes, carros e patos!




A receita veio originalmente de um Livro de Receitas Vaqueiro já muito antigo, que tinha conseguido nos anos 80, juntando provas de compra da margarina. Tenho toda a colecção e todas as receitas que experimentei saem perfeitas. Penso que já nem estão mais à venda, mas o Instituto de Culinária Vaqueiro tem agora novos livros que poderão ver no site da marca Vaqueiro. Neste site podem ainda encontrar imensas receitas que, se forem como as dos livros, podem experimentar sem qualquer receio.

As minhas adaptações das receitas incluem geralmente ou um corte na quantidade de gordura ou na dose de açúcar, ou acrescentar algo que adicione aroma. Neste caso, a minha versão não difere muito do original, mas segue os ajustes que fui fazendo, ao longo dos anos, para ficar mais a meu gosto.

Ingredientes:
125 g de açúcar
100 g de margarina
1 ovo
Raspa da casca de um limão (siciliano) ou lima (limão)
1 colher de chá de canela
Raspa de dois cravos de cabecinha
75 g de amêndoas peladas e trituradas
250 g de farinha
1 1/2 colher de chá de fermento em pó

Escaldar e pelar as amêndoas, deixar secar e, depois, triturar. Misturar o açúcar com a farinha, o fermento em pó, a amêndoa ralada, o pó de canela, o cravo ralado e as raspas de limão. Juntar a margarina à temperatura ambiente, partida em cubos e esfarelar, misturando com os ingredientes secos, até ficar com um aspecto esfarelado. Juntar o ovo batido e amassar, formando uma mistura homogénea e bem integrada. Fica uma massa macia, mas untuosa e que não agarra aos dedos. Formar uma bola e deixar dentro da taça coberta com película aderente. Deixar repousar no frigorífico (geladeira) durante uma a duas horas. Passado este tempo, estender a massa com cerca de 3 mm de espessura e cortar as bolachas com a forma pretendida. Se não tiver corta bolachas pode utilizar um copo ou chávena. Colocar num tabuleiro de ir ao forno, sobre papel vegetal (manteiga), mantendo alguma distância entre as bolachas para que não se colem ao cozer. Vão a cozer em forno quente, na zona central do forno.





São deliciosas para acompanhar uma chávena de chá ou um copo de leite. O seu aroma a limão, cravo e canela enche a casa desde que começam a cozer no forno.




Espero que gostem!
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domingo, 11 de dezembro de 2011

Tortellini de Ricotta e Espinafres para uma Segunda Sem Carne

Durante a visita a Itália, em Julho passado, formulei dois objectivos (culinários) para o segundo semestre de 2011: aprender a fazer gelados e a fazer massas frescas recheadas. Com os gelados lá tenho ido tentando, com maior ou menor sucesso, mas as massas ainda não tinha sequer feito a primeira tentativa e já estávamos em Dezembro. Em minha defesa, tenho a argumentar que esta mudança de hemisfério me traz um pouco confusa no que diz respeito à altura do ano, pois nada, excepto a evidência do calendário, me faz pensar que estamos em Dezembro!




Foi assim, perante a urgência de um dead line que se aproxima, que me resolvi por as mãos na massa e fazer estes Tortellini recheados com Ricotta e Espinafres. Os espinafres orgânicos são da horta cá de casa e o queijo é fácil de encontrar em qualquer supermercado. Fiz um recheio muito semelhante ao que costumo fazer para os canellonis e a receita da massa retirei do livro Cozinha Italiana da Parragon Books, excluindo os espinafres pois tratava-se de uma massa verde.

A massa ficou boa, mas como tenho muitas outras receitas, nas próximas oportunidades vou experimentá-las até descobrir a que me pareça melhor. As quantidades apresentadas dão para cerca de 24 Tortellini de bom tamanho.




Ingredientes:
(para a massa)
200 g de farinha
1 colher de chá de sal
1 colher de chá de fermento
2 ovos
1 colher de sopa de azeite

(para o recheio)
200 g de folhas de espinafre
150 g de queijo ricotta
50 g de queijo parmesão
1 ovo
Sal, pimenta e noz moscada qb
1 ovo para colar a massa

Molho de tomate e queijo ralado para acompanhar

Misturar o fermento e o sal com a farinha, fazer uma cavidade no centro onde se deita o azeite e os ovos batidos. Ir misturando com a farinha e quando estiver bem integrado, amassar energicamente, até que fique uma massa elástica e macia. Envolver em película aderente e reservar durante cerca de 30 minutos.

Lavar bem as folhas de espinafre e dar uma fervura, com pouca água, só até ficarem um pouco moles. Escorrer e espremer para tirar o máximo de água. Picar finamente com uma faca. Passar o ricotta no processador de alimentos (123) até ficar bem macio. Juntar os espinafres, o ovo batido, o parmesão ralado (na altura), o sal, a pimenta moída no momento e a noz moscada acabada de raspar. Misturar bem, até ficar homogéneo.

Esticar a massa com o rolo numa superfície polvilhada de farinha, ou utilizar um esticador de massa (está na minha wish list!) e cortar círculos com cerca de 8 cm de diâmetro (usei um pequeno utensílio que corta e dobra o tortellini, fechando-o e selando-o). Colocar uma colher de chá do recheio no centro da massa, passar um pouco de ovo batido na beira da massa e fechar, pressionando a orla exterior (por exemplo, com os dentes de um garfo). À medida que for fazendo os tortellinis, colocar sobre um pano limpo polvilhado de farinha.

Levar uma panela de água a ferver, temperada de sal e, quando a água estiver em ebulição, colocar as massas a cozer. Fazer por partes, deixando cozer cerca de cinco minutos. Retirar e servir acompanhado de molho e queijo ralado.




Neste caso optei pelo molho de tomate caseiro e pelo parmesão. O molho saboroso, contrasta com o recheio delicado de ricotta e espinafre que, apesar de condimentado, com um molho mais neutro pode tornar-se um pouco monótono ao paladar.



Bom apetite!
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Entrecosto Picante Grelhado


Aqui no Brasil, o fim de semana é por excelência o dia dos churrascos, em que se reúnem os amigos, se vai grelhando a carne, tomando umas caipirinhas e umas cervejas bem geladas.

Quando as tradições são boas os Portugueses não deixam de as adoptar e nós também vamos fazendo os nossos churrascos, a que por vezes acrescentamos umas sardinhas assadas, um vinho tinto Português, umas saladas de tomate à nossa maneira, tornando-se uma celebração verdadeiramente luso-brasileira, onde se tenta juntar o melhor de dois mundos.



Se a vedeta habitual dos churrascos é a picanha, no último almoço que fizemos aqui em casa, grelhamos também entrecosto, com um tempero que retirei dum livro ainda comprado em Portugal - Churrasco. Tive de fazer algumas adaptações (como sempre!), pois havia um ingrediente que eu não tinha, mas é um livro que vale a pena pelas indicações técnicas, pelos temperos, molhos e acompanhamentos que sugere para os diferentes grelhados, tanto de carne como de peixe, legumes e mariscos.



Ingredientes:
1 pedaço de entrecosto (costelinha) de porco com 1kg a 1,5 kg, limpo de sebo, mas com uma ligeira camada de gordura
2 colheres de sopa de pimentão doce (paprika)
1 colher de chá de piripiri (malagueta)
1 colher de sopa de sal
1 colher se sopa de pimenta preta (acabada de moer)
1 colher de sopa de cominhos
1 colher de sopa de alho bem picado
1 colher de sopa de azeite

Lava-se bem a peça de carne que se mantém inteira para grelhar. Quem não puder fazer grelhado ou preferir frito ou assado no forno, pode separar as costelinhas. Temperar de véspera e guardar no frigorífico (geladeira). Se colocar a carne temperada dentro de um saco para alimentos, é mais fácil que toda a superfície fique bem impregnado do sabor. Preparar o tempero, misturando todos os ingredientes e depois esfregar esta mistura na carne de forma a que fique toda bem coberta. Se pretender uma carne menos picante, retirar as sementes do piripiri ou das malaguetas. No Brasil pode ser encontrada uma paprika picante (em Portugal nunca vi à venda), que pelo seu picante suave é uma alternativa bastante agradável, não necessitando de colocar a malagueta. No dia seguinte, grelhar a peça de carne, colocando primeiro mais próximo das brasas para selar a carne e subindo, depois, a grelha para cozinhar mais lentamente. Não esquecer que a carne de suíno deve ficar bem cozinhada, mas sem deixar ressequir.




A carne fica muito saborosa, com um certo picante, ao mesmo tempo que permanece suculenta e tenra.
O livro onde pode ser encontrada a receita original, sugere um mojo de manga para acompanhar que ainda um dia hei-de experimentar. Na verdade foi por este mojo ter malagueta que me ocorreu introduzir a nota picante em substituição do ingrediente em falta. O resultado não podia ser melhor!




Espero que gostem!
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sábado, 10 de dezembro de 2011

A Fazer Rabanadas para Encontrar o Natal


O Natal aproxima-se! E para mim, esta época do ano rima com frio, casacos quentes e luvas, iluminação festiva nas ruas, o cheiro dos pinheiros, o pensar o que fazer na noite da consoada de novo e diferente  que surpreenda os convidados, mas também o que é tradição e invariável...

É aqui que entram as fatias de ovos, douradas, paridas ... com tantos nomes... as rabanadas!

Por isso, aqui deste lado do mundo, onde a Primavera está quase a tornar-se Verão, sem casacos nem luvas, sem frio nem pinheiros, resolvi fazer umas rabanadas para ver se o seu sabor me trazia essa sensação de Natal eminente que tardava em chegar.

Em casa de meus pais, as rabanadas sempre foram uma tradição de dia 24 (fora desse dia, chamamos-lhe fatias de ovos!). Começa dias antes com a encomenda e compra do pão apropriado e na tarde da véspera de Natal, monta-se toda a logística, prato com leite morno, prato com ovo batido, prato para escorrer a gordura, prato com açúcar e canela... e, eu e a minha mãe, lá íamos passando as fatias de prato em prato, até à frigideira e, depois de mais uns pratos, as primeiras, ainda quentes, iam directamente para a minha barriga.

Estas eram as melhores, com a cozinha a cheirar a fritos e a canela! As segundas melhores são as de dia 25 de manhã, logo ao acordar, comidas ainda de ramelas, já frias, mas com o açúcar já meio derretido, a pegar-se nos dedos, duas ou três, pelo menos!

Depois de casada, enquanto eu preparava a consoada na minha casa, a minha mãe fazia as rabanadas e depois vinha a toda a velocidade para eu ainda comer uma quente antes do jantar. Este ano, o meu primeiro Natal fora de Portugal e longe da família, vou sentir falta de todos e deste gesto de carinho. Este post é dedicado à minha mãe, e tem um pedido implícito para uma tarde de rabanadas em Janeiro quando lá chegar!

Ingredientes:
4 ovos
12 fatias de pão (pode ser pão de forma, mas de padaria, pois se for demasiado delicado desmancha-se)
1/2 l leite
açúcar e canela em pó
óleo vegetal para fritar

Amornar o leite e colocá-lo num prato fundo. Bater os ovos num prato. Preparar um prato ou travessa com papel absorvente para escorrer as fatias depois de fritar. Num prato raso, deitar açúcar e canela e misturar bem. Colocar o óleo a aquecer numa frigideira. Primeiro passar cada fatia pelo leite morno, depois pelo ovo, deixando absorver um pouco. Em seguida, levar a fritar, até ficar dourada de ambos os lados. Deixar escorrer a gordura o melhor possível e, enquanto está quente, passá-la pelo açúcar com canela que vai aderir à fatia. Fazer o mesmo processo com todas as fatias de pão.


Podem ser comidas quentes ou frias e são deliciosas, com o seu interior macio e suculento e o seu exterior doce e aromático!

Esta iguaria de Natal pode estar relacionada com o facto de também ser um doce que se oferecia às mulheres que tinham acabado de ser mães, daí o nome de Fatias Paridas, e por isso ser presença indispensável na data em que se celebra o nascimento de Jesus.

Espero que gostem!
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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Jantar de Borrego com Grão e Hortelã - Um Comer Alentejano

Quem vai acompanhando o Cravo e Canela já sabe que sou uma Alentejana convicta e uma apreciadora da cozinha desta região.

Um dos "comeres" que gosto muito, apesar de nem sempre fazer, é o Jantar de Borrego com Grão, aromatizado com hortelã. Aqui no Brasil, já fiz uma vez, muito embora tenha sido uma receita um pouco alterada pois não tinha os enchidos que costuma levar. Mesmo assim ficou muito saboroso!




No Alentejo, a zona das Terras Brancas é particularmente propícia à criação de gado de pequeno porte como os ovinos, que crescem em considerável liberdade, voltando ao fim do dia aos redis. Pastam nos campos, muito embora no Verão tenham de receber também alimento suplementar, pois o pasto está muito seco.

Este Verão, quando estive no Alentejo, tive oportunidade de fotografar estes cordeiros que estavam com as suas mães.  A criação de ovinos, permite ainda a obtenção de lã, através da tosquia dos animais e a produção de queijo. E que bons que são, tanto os pequenos queijinhos frescos ou curados, como os queijos de leite de ovelha ou de mistura com leite de cabra! Deliciosa também é a manteiga artesanal de leite de ovelha. Mas já há muitos anos que não como e nem sei se ainda há quem faça.



Ingredientes:
1 kg de carne de borrego
1/2 kg de grão de bico
150 g de toucinho (não coloquei)
1 chouriço preto (não coloquei)
1 morcela de sangue (não coloquei)
4 batatas médias
2 cenouras
1 molho de hortelã
Pão duro (amanhecido), de preferência Alentejano ou que não seja muito fofo
Azeite, sal e pimenta qb.

De véspera, colocar o grão de molho. Cozer o grão em água temperada de sal. Reservar com o respectivo caldo de cozedura. Para quem tenha menos tempo, pode ser substituído por grão cozido de lata. Cozer a carne de borrego com o toucinho, os enchidos, a cenoura e a cebola, em água temperada de sal e um pouco de azeite. No caso de usar toucinho precisa de menos gordura. Se for só com a carne de borrego irá precisar de um pouco mais de azeite. Quando estiver praticamente cozido, juntar o grão com o respectivo caldo e as batatas cortadas em rodelas, rectificar o tempero e acrescentar a hortelã, separando as folhas. Deixar alguns raminhos de hortelã para colocar quando for servir. Deixar ferver durante mais alguns minutos para acabar de cozer e para que os diversos sabores se fundam. Migar as fatias de pão para dentro de uma terrina ou taça grande. Retirar as carnes e colocar numa travessa. Fazer o mesmo com os vegetais. Levar o caldo novamente ao lume para estar bem quente quando for colocado sobre o pão. Colocar os restantes raminhos de hortelã sobre as sopas de pão e deitar o caldo a ferver. Servir imediatamente.




Cada pessoa serve-se de sopas, carne e legumes a gosto. Aqui em casa, gostamos de colocar tudo no prato (fundo) e ir saboreando as sopas de pão com a carne e o grão. Mesmo sem os enchidos, ficou delicioso e, certamente, com muito menos gordura. O aroma da hortelã enche a casa e combina de forma deliciosa com o grão e com o sabor da carne de borrego.

Bom apetite!
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