quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Meu Alentejo Caiado - Uma Visita a Mértola e Doces Popias Brancas

Se há coisa que caracteriza o Alentejo para além das planícies douradas são as suas paredes caiadas, reflectindo e multiplicando a luz.

Para mim, é isso o Alentejo. É essa luz crua e doce do meio dia, refletida nas ruas estreitas, quando o sol cai a pique. É a luz quente e dourada do fim da tarde, dando ao restolho o seu tom de pele e o ar de um corpo adormecido ao sol pôr.

Este Verão regressei a Mértola! Mértola a bela, junto ao rio. Mértola  a romana, a moura, a cristã e, hoje, a alentejana vila, quase quase no Algarve.



Branca e caiada, a Igreja Matriz de Mértola, antiga Mesquita Árabe, encanta-me sempre e, desta vez não me cansei de a fotografar sob o sol da tarde.



Exemplar único da arquitectura religiosa islâmica, foi erigida no século XII, tendo sido convertida em templo cristão no século seguinte. Hoje, está classificada como Monumento Nacional.



Ainda não foi desta que consegui visitar o seu interior, ver os arcos e as abóbadas...




Brancas e caiadas não são só as paredes, mas também um bolo tradicional alentejano - as Popias Brancas ou, como também lhes chamam, Popias Caiadas. Uma popia, é um bolo em forma de argola (um amigo chama-lhes os donuts alentejanos) e o nome refere-se mais à forma que ao sabor ou composição da massa. Para além das Popias Brancas, temos as popias simples e as de Espécies (especiarias), que adoro e nunca mais comi como as da infância.


As Popias Brancas eram, contou-me uma vez a minha tia Ana Catarina (grande cozinheira, refira-se, e inspiradora destas minhas andanças!), típicas das festas de casamento, onde enfeitavam a sala onde era feito o copo de água, presas em fitas ou mesmo nas canas onde são postas a secar.

Hoje ainda se podem encontrar à venda, deliciosas, com um interior leve  e seco (um pouco parecido com a massa das cavacas, mas melhor, na minha opinião) e um exterior glaceado, seco e estaladiço. Estas que vos mostro comprei em Castro Verde!


Tenho a receita num livro que comprei o ano passado, no Festival Sete Sóis Sete Luas . Trata-se do Sabores do Passado da Julieta Galope. Por motivos de direitos de autor não vou aqui reproduzir a receita, mas um destes dias vou experimentá-la e, como não consigo fazer nada igual, dou-vos a minha versão.
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