Teresa nasceu em 1151. Filha de rei, cresceu e foi educada na corte. Bela e inteligente, era a filha predilecta de seu pai e foi, durante muitos anos a confidente e colaboradora próxima do monarca, chegando, segundo se pensa, a ser cogitada como herdeira e sucessora ao trono. Em Agosto de 1184 a infanta casa-se com Filipe, conde da Flandres, e muda-se para uma das cortes mais sumptuosas e cultas da Europa, adoptando o nome de Matilde.
É na corte na Flandres que a visito. Ela recém casada e feliz, nós ambas jovens e cheias de sonhos e projectos. Temos em comum a vontade de ter um filho, partilhamos o gosto pela literatura... falamos, rimos, partilhamos ideias.
A corte alberga os melhores músicos, artistas e escritores da sua época e nós sentamos-nos, tomando vinho quente e saboreando os biscoitos que lhe levei, enquanto escutamos música ou enquanto Chrétien de Troyes lê trechos de Perceval, o romance que escreve para o Conde.
Os biscoitos de mel das serras altas, com as passas das vinhas do Douro, as amêndoas e as raspas das laranjas deixadas pelos mouros, levaram a Teresa as lembranças do seu Portugal amado. Falámos do nosso país, das saudades de quem está longe, da vontade de um dia voltar...
Ingredientes:
100 g de farinha
4 colheres de sopa de germen de trigo
4 colheres de sopa de açúcar demerara (amarelo ou mascavado)
1 colher de chá de fermento
75 g de manteiga
1 ovo
2 colheres de sopa de mel
2 colheres de chá de vinho do Porto
Raspa de uma lima (ou laranja)
100 g de passas
100 g de amêndoas
Misturam-se a farinha, o germen de trigo, o fermento e o açúcar. Junta-se a manteiga, à temperatura ambiente, e esfarela-se junto com os ingredientes secos. Acrescenta-se a raspa de lima, o ovo ligeiramente batido, o mel e o vinho do Porto, amassando até obter uma pasta consistente. Adicionam-se as passas e as amêndoas, grosseiramente picadas com uma faca, envolvendo-se até ter uma mistura homogénea. Forram-se os tabuleiros com papel vegetal e distribuem-se colheradas da massa com espaço para que os biscoitos possam crescer. Levam-se a cozer em forno aquecido a 180ºC. Quando estiverem dourados retiram-se do forno e deixam-se arrefecer alguns minutos e depois colocam-se sobre um rack até esfriarem completamente.
Nestes biscoitos procurei ser tão fiel quanto possível aos ingredientes e técnicas existentes na época. Por exemplo, as laranjas doces, tal como as conhecemos, foram trazidas por Vasco da Gama, daí a opção pela lima que é uma espécie de laranja azeda (as existentes nessa altura). A escolha das amêndoas e passas é uma procura de levar a alguém que está longe os sabores da sua terra.
A escolha de D. Teresa (ou Matilde), filha de D. Afonso Henriques, é fruto do fascínio que este personagem histórico me desperta. Uma mulher com uma visão política ímpar, que durante longos anos jogou nos principais palcos de poder europeus e da qual sabemos muito pouco.
Esta é a minha participação na 8ª Edição do projecto Convidei para Jantar, da iniciativa da Ana do blog Anasbageri, este mês acolhido pela Alice do blog Alice na Cozinha Maravilha e subordinado ao tema Aristocratas.
Não deixem de visitar todos os blogs participantes e de conhecer os convidados ilustres que por lá vão passar e, já agora, bom apetite!
Gostei da tua convidada e de seres tu a visitá-la, e do gosto comum pelo nosso Portugal.
ResponderExcluirOs biscoitos não poderiam ser melhores, devem ser deliciosos com o mel e as frutas secas. Uma delícia para um chá à tarde com conversa.
Um beijinho.
Olá Manuela:)
ResponderExcluirAdorei o cuidado com que preparaste tudo, desde os pormenores da confeção dos biscoitos, aos pormenores da época da D. Teresa e da corte de Flandres!
Sem dúvida que ela iria adorar recordar os bons sabores portugueses através dessas pequenas maravilhas de mel, com a laranja e o vinho do Porto!
Muito obrigada pela tua participação, gostei muito!
Beijinhos e até breve:)
Agora que fui ler outra vez vi o meu pequeno lapso, essas maravilhas com feitas com lima, porque dantes as laranjas que existiam eram azedas! Desculpa a minha distração:)
ExcluirOlá Manuela,
ResponderExcluirExcelentes escolhas; de Sua Alteza D. Matilde e dos apetitosos biscoitos. A Alice vai ter o Salão Real repleto de deliciosas iguarias e convidados ilustres, com personalidades impares.
Bjnhos e um fim de semana fabuloso.
http://saborescomtempo.blogspot.pt/
Que excelente escolha, tanto da convidada como dessas bolachinhas! Ou não fosse eu uma fã incondicional de bolachas de aveia!
ResponderExcluirBom fim de semana!!
Olá Manuela, mais uma personagem que não conhecia! Estou a ver que a festa final vai ser grande! Adorei as tuas bolachinhas, e confesso que nunca me atrevi a usar vinho do porto em bolachas, mas fiquei curiosa :)
ResponderExcluirbeijinho*
e que bela participação :) aposto que ela levou o resto dos biscoitos de tão deliciosos que são :)
ResponderExcluirbeijinhos
Manuela, não sei como me foi escapar a tua participação, espero que me perdoes!! Já atualizei o post e claro que tu e a tua convidada teriam que estar presentes nos festejos, até porque o pai de D. Teresa estava desejoso de matar saudades da sua filha predileta!:)
ResponderExcluirMais uma vez te peço mil desculpas, tinha tanto medo de que isto acontecesse e afinal aconteceu mesmo, não sei bem como, pois assim que vim cá ver até partilhei logo na minha página do facebook...:(
Um beijinho grande para ti e para a tua ilustre convidada, espero que também ela me perdoe.
Querida Alice,
ExcluirNão há nada a perdoar. Já tenho feito destes apanhados e sei o stress que é e como é fácil, sem querermos alguém ficar para trás.
Bjnhos
Olá Manuela,
ResponderExcluirQue lindo post! Adorei!
Um texto delicioso e uns biscoitos que sabem a Portugal, uma maravilha.
Bjs